terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Calma alma minha, calminha.

Os olhos se fechavam talvez por que só quisessem se fechar. O corpo já lhe pedia clemência, cansado de se auto-flagelar. Cada movimento doía fundo, sentia como se uma lâmina afiada lhe entrasse fundo rasgando tudo que houvesse a frente. Estava apenas cansada. Cansada de tudo. De querer, de não poder, de ter que dar um jeito, de chorar, de ter que ter alguém pra amar, de beber, de ter que saber, de sorrir, de correr atrás e não alcançar, de se espremer até caber, de procurar uma janela pra respirar. E não podia pôr fim. Não havia um fim. Assim que abrisse o olho, sentiria de novo como se a empurrassem cada vez mais contra a parede.


-Que empurrassem de vez, oras!

Parece que faziam aquilo por puro sadismo, só pra ter que vê-la gritar, e pedir, e implorar, e ceder à agonia de não poder agüentar. Há uma caixa vermelha na mesa da sala. E lá dentro, no escuro, está ela. Segurando um isqueiro ainda aceso. Esperando o último cigarro se apagar. Quanto tempo a vela agüenta dentro do copo até todo o ar se acabar?

Pouco tempo! Era só isso o que ela sabia.

 
Marina B.


ps.: Ontem, dia 31/01, o blog completou dois anos de sua existência. Não sei como se comemoram aniversários de blogs.
ps.²: Pro blog tudo ou nada?!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe que digam, que pensem, que falem...