sexta-feira, 22 de julho de 2011

Melhor

Toda vez que seus olhos encontravam os dele, era festa dentro do seu peito. Podia o mundo todo acabar naquele momento, que por nenhum segundo que fosse seus olhares se desviariam. Esse era um daqueles momentos, simples, que ela gostava de compartilhar com ele, assim como caminhar de mãos dadas por aí, sem rumo, ou conversar sobre coisas banais, ou quando ficavam deitados, na cama, (momentos como esses pedem cigarros!, pensava!), ouvindo blues. O silêncio, entre os dois, era sempre bem-vindo, não era um daqueles silêncios que incomodavam, era até confortável, e era nesses momentos que as dúvidas consumiam seus pensamentos. Ela queria sempre dar o seu melhor para ele, mas não sabia se era capaz de tal, não sabia se o que ela dava era o suficiente para ele . Mas mesmo com todas essas duvidas uma coisa era certa: ela o amava! Um amor novo, diferente de tudo que viveu e que poderia vim a viver, todos os dias descobria-se mais e mais apaixonada. Sentia-se a pessoa mais frágil do mundo, por perder completamente o controle sobre si quando estava com ele, mas sentia-se também a mais forte, por saber que nada, naquele momento, poderia atingir-lhe. Sabia que havia ali, entre os dois, algo grande, tão grande que só os dois, como quem sente tal sentimento podiam com certa precisão medir-quantificar-precisar, só não sabia como expressar tudo aquilo, as palavras quando são para serem ditas, não saem, prendem, sufocam, não saem! E ela já havia aprendido, que amar é se expor, se despir, torna-se explícito, se arriscar e sentir medo, mas sobretudo ser feliz e isso ela sabia fazer bem, ser feliz em cada momento, cada sorriso dele, cada toque, cada saudade, felicidade enfim!

Marina B.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

temporal

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fazia tempo
que eu não me sentia
tão sentimental







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segunda-feira, 16 de maio de 2011


Eu tento
Corro luto invento
Desculpas.
Faço de um tudo, fujo com medo.
Medo de tentar,
Medo de entregar.
Penso... Penso... Digo que não.
Mas não consigo parar de pensar...
É tarde. Não dá pra voltar atrás.
Nem mudar o que já está escrito.
Não faço idéia de onde vou.
Mas
Vou com você!





domingo, 1 de maio de 2011

Era um vez um haikai... que não deu certo.

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o corpo quer
o coração entende
menos carne...

mais alma.




Marina B.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Sozinho com todo mundo



a carne cobre os ossos
e eles colocam uma mente
ali dentro e
algumas vezes uma alma,
e as mulheres quebram
vasos contra as paredes
e os homens bebem
demais
e ninguém encontra o
par ideal
mas seguem na
procura
rastejando pra dentro e pra fora
das camas.
a carne cobre
os ossos e a
carne busca
muito mais do que mera
carne.

de fato, não há qualquer
chance
estamos todos presos
a um destino
singular.

ninguém nunca encontra
ninguém.

as lixeiras da cidade se completam
os ferros-velhos se completam
os hospícios se completam
os túmulos se completam

nada mais
se completa.


Charles Bukowski  (com adaptações)

sábado, 26 de março de 2011

Theres a Light That Never Goes Out









"Take me out tonight
Where there's music and there's people
Who are young and alive
Driving in your car
I never never want to go home
Because I haven't got one
Anymore..."

Tempos difíceis esses:

Em que o papel implora ao lápis só um pouco de poesia.

A boca sente sede da saliva.

O corpo treme de frio à espera do abraço.

E o coração...

... Esse nem bate, que é pra não gastar sentimento, esperando por amor.





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domingo, 13 de março de 2011

grande sertão






felicidade
é encontrar veredas
onde só tem espinhos.







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sábado, 19 de fevereiro de 2011

Ah, esse tal amor...



Antonio: -(...) Por que esse tal amor que personagem finge que sente, amor dessa qualidade, que tem paciência até pra esperar entre um anúncio e outro pra somente no voltamos a  apresentar concluir o que tinha fingindo que tinha começado, esse tal amor é somente amor de ficção, Karina, e é muito diferente desse negócio aqui que eu sinto, esse negocio de doido, que eu não encontro nome em nenhuma das palavras existentes, e que não tem som e nem letra escrita que explique como ele é exagerado.

Karina: -Onde foi que tu leu isso?!

Antonio: -Nem li, nem decorei e nem sei repetir de novo. Por que sentimento sentido de verdade, não carece de ser documento em papel, ou romance, nem filme de cinema, pois não é da conta de mais ninguém a não ser da pessoa que sente além da outra responsável pelo afeto causado. A conversa aqui é somente entre tu e eu, eu e tu, Karina. Fingi somente uma vez que tu é tu, que é pra ver se tu descobre o que sente. Por que esse beijo que eu vou te dar agora, esse vai ser meu de verdade.

Diálogo entre Antonio e Karina

Filme: A máquina: o amor é o combustível, de João Falcão.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Eu já tenho asa..




Doce solidão - Marcelo Jeneci feat. Marcelo Camelo


Posso estar só
Mas, sou de todo mundo.
Por eu ser só um...
Ah, nem!
Ah, não!
Ah, nem dá!
Solidão, foge que eu te encontro
que eu já tenho asa.
Isso lá é bom, doce solidão?


terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Time To Pretend

Filme: O Iluminado, de Stanley Kubrick.


 

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Calma alma minha, calminha.

Os olhos se fechavam talvez por que só quisessem se fechar. O corpo já lhe pedia clemência, cansado de se auto-flagelar. Cada movimento doía fundo, sentia como se uma lâmina afiada lhe entrasse fundo rasgando tudo que houvesse a frente. Estava apenas cansada. Cansada de tudo. De querer, de não poder, de ter que dar um jeito, de chorar, de ter que ter alguém pra amar, de beber, de ter que saber, de sorrir, de correr atrás e não alcançar, de se espremer até caber, de procurar uma janela pra respirar. E não podia pôr fim. Não havia um fim. Assim que abrisse o olho, sentiria de novo como se a empurrassem cada vez mais contra a parede.


-Que empurrassem de vez, oras!

Parece que faziam aquilo por puro sadismo, só pra ter que vê-la gritar, e pedir, e implorar, e ceder à agonia de não poder agüentar. Há uma caixa vermelha na mesa da sala. E lá dentro, no escuro, está ela. Segurando um isqueiro ainda aceso. Esperando o último cigarro se apagar. Quanto tempo a vela agüenta dentro do copo até todo o ar se acabar?

Pouco tempo! Era só isso o que ela sabia.

 
Marina B.


ps.: Ontem, dia 31/01, o blog completou dois anos de sua existência. Não sei como se comemoram aniversários de blogs.
ps.²: Pro blog tudo ou nada?!

domingo, 16 de janeiro de 2011

Cinco sentidos em mim





Onde é que eu fui parar
Aonde é esse aqui
Não dá mais pra voltar
Por que eu fiquei tão longe…
Tão longe…

Onde é esse lugar
Aonde está você
Não pega celular
E a Terra está tão longe…
Tão longe…

Não passa um carro sequer
Todo comércio fechou
Não tem satélite algum transmitindo notícias de onde eu estou

Nenhum e-mail chegou
Nem o correio virá
E eu entre quatro paredes, sem porta ou janela pro tempo passar

Dizem que a vida é assim
Cinco sentidos em mim
Dentro de um corpo fechado no vácuo de um quarto no espaço sem fim

Aonde está você
Por que é que você foi
Não quero te esquecer
Mas já fiquei tão longe…
Tão longe…

Não dá mais pra voltar
E eu nem me despedi
Onde é que eu vim parar
Por que eu fiquei tão longe…
Tão longe…

p.s.: tentando não desfolhar. 

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Desalento



Nós que achávamos que tínhamos a vida inteira,
hoje não sabemos nem do nosso futuro.
Não duvide querido quando eu digo que fui feliz contigo.
Nem duvide quando eu digo que o tempo foi cruel,
levando o nosso amor.
Dois estranhos em uma cama vazia.
Foi isso o que restou.
Sem que percebêssemos o fim chegou.
Devagarzinho
Brigas...  Birras
Faltas... Excessos.
Você se esqueceu de ter saudades.
Eu deixei de gostar do seu carinho.
Agora quero outro amor,
um amor feito o seu.

outro alguém,
pra vida toda.



(Marina B.)


ps.: mais um poema que só teve sentido por que alguém pôs sentido, Henrique Possebon.