sábado, 14 de agosto de 2010

Destinatário: rua das gaivotas 1001, casa 72.

É, pra começo de conversa, acho que vou indo bem,
Melhor do que se poderia imaginar.
Ando tendo mais tempo pra viver e respirar.
Voltei a escrever, voltei a ter inspiração para escrever.
Agora tenho tempo, pra como nos velhos tempos,
Sentar numa mesa de um bar qualquer
e ver meu tempo de vida diminuir num copo de cerveja.
Voltei a sentir o sol esquentar no meu rosto
Voltei a me perder no imenso azul do céu.
Ah, o clima por aqui está seco, seco demais.
Daquele jeito que a gente chega a ver água no asfalto.
O que eu queria mesmo era dias incessantes de chuva,
Pra ficar de meias, embaixo de um cobertor velho, tentando fugir do frio.
Sabe, tenho tomado mais conta de mim.
Olho para os dois lados antes de atravessar.
Leio bulas de remédios antes de tomá-los.
Durmo à noite e tento me manter acordada durante o dia.
Abri as cortinas da sala.
Parei de fumar e estou tentando diminuir o café, é bem mais difícil que parar de fumar.
Estou pintando as unhas de vermelho, dizem que fico bem de vermelho!
Estou ouvindo mais blues e menos conselhos.
Estou vendo menos Tarantino e mais Woody Allen.
Comecei a ler aquele livro do Bukowski que você tanto me recomendou.
Aliás, ele tem sido uma péssima influência!
Estou saindo mais.
Estou me permitindo confiar em outras pessoas que não eu e você.
Dia desses, andando pelo mercado,
lembrei de você quando passei na seção de cafés e senti aquele cheiro de café triturado.
Assim que saí do mercado, voltei a esquecê-lo.
Hoje farei um jantar pra dois.
Lavarei alguns pratos.
E prometo: Dormirei mais feliz, boa noite!

2 comentários:

  1. Adorei seu texto.
    É bom ler uma coisa e se identificar com ela.

    Até.

    Bjo, bjo, bjo...

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  2. "Eu, agora - que desfecho!
    Já nem penso mais em ti...
    Mas será que nunca deixo
    De lembrar que te esqueci?"

    Ahhh, tão complicado lidar com essas coisas do coração. É quando mais me sinto a "tapada-mor". É quando quase decreto a minha sentença: um caso perdido pra humanidade. =/

    Adorei o texto, Marina!

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