terça-feira, 9 de novembro de 2010

Ela voltou diferente.

Um dia ela voltou pra casa e sorriu com um sorriso diferente
Não me abraçou, nem me beijou,
Disse: -Como vai? - simplesmente

Ah, eu notei no seu rosto uma tristeza sem fim
Quando ela chegou mais perto de mim
Foi direto pro seu quarto e dormiu como se eu nem existisse
Beijei seu rosto um tanto sem graça e mesmo assim ela nada disse

Ah, eu pensei: -ela deve estar zangada comigo,
mas eu não fiz nada errado por isso eu não ligo!
Naquela noite fria não consegui dormir
Fiquei pensando no que fazer

Ela voltou pra casa um tanto diferente e a razão eu queria saber
No dia seguinte quando ela acordou me chamou pra conversar
Falou de coisas da nossa vida e de repente começou a chorar

Ah, ela disse que fez qualquer coisa de errado
E agora sentia vergonha de viver ao meu lado
Eu abracei seu corpo e lhe falei sorrindo:
-A gente esquece o que passou.
Mas ela foi embora e nunca mais voltou e foi assim que tudo acabou.

Odair José


Links pra baixar duas versões desta música: a versão original com o Odair José e outra versão da Mombojó, que foi gravada para um dvd em tributo ao Odair José.

Odair José - Ela voltou diferente
Mombojó - Ela voltou diferente

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Apenas o fim?

"-Você me ama?
- Falar sobre amor é muito clichê.
- Falar que falar sobre amor é muito clichê é que é clichê."
[Cena do filme 'Apenas o fim' que assisti essa semana e indico.]




Colorindo

Alto subi

Pulei

Não cai

Não tinha chão

Não tinha fim

Em queda permanecia

Medo?!

Não!

Isso não existia ali

Havia som

Isso!

Havia música

E eu?

Ah! Eu cantava

Em queda eu cantava

Cantava as cores

Que como eu

Também despencavam dali

Suaves

Com ritmo

Com compasso

Brilhantes cores vivas

No meu peito se alojaram

Ó cores!

Fizeram de mim abrigo

Essas cores musicais

Que enfeitam o meu peito

Transbordam litros de sensações

Conduzem-me ao ponto final

E agora encharcada

Das mais doces

Cores das canções

Subo pra do alto

Me encantar.

(Camila A. Borges)

Por muitas vezes já tentei fazer uma definição de mim mesma, uma que fizesse algum sentido, mas nunca consegui. Hoje passeando por alguns blogs encontrei essa auto definição feita pela Thay Melo em seu blog 'Egocentrismo' que me identifiquei muito...

"Passa o tempo todo procurando coisas mais interessantes para fazer. Dona de idéias e teorias relativamente inúteis. Faz o tipo de pseudo-anti-herói. Possui um amor livre. Idealista, politicamente correta e pateticamente romântica. Uma personalidade disforme, com trejeitos incompreensíveis."

domingo, 24 de outubro de 2010

Setembro

Foram 7 quarteirões até me dar conta de que estava naquela praça, ao pé daquele banco, em frente àquela casa pintada do amarelo que escolhemos e hoje desbota no meio de pichações. O gosto do conhaque veio à boca, tão subitamente quanto as lembranças que me enchiam a cabeça e se misturavam com o álcool, o perfeito coquetel da estupidez, foi isso, eu sei que foi isso que me fez pensar em bater na porta. Mas o que diabos me levava a crer que você talvez quisesse me ver? Ou estivesse ainda só, a minha espera? Logo você tão gentil, tão acessível, tão engraçado, com aquele sorriso desalmado que ganha qualquer um, que sempre tem tudo e todos ao seu alcance, mesmo não querendo. Ai que estúpida fui pra bater naquela porta! Só pra te ver assim: FELIZ! Foram 7 segundos até eu arquitetar o plano de fuga: correr. Só ouvi meu nome uma única vez, um único grito e NENHUM passo, e NENHUM mínimo movimento. Senti no peito teu  olhar, tua barba feita, teu sorriso fácil, tua pele até mais corada, já que agora não tinha eu pra você se preocupar. E eu corria, entre tardes de domingo, Bertolucci, Hitchcock, garrafas, e eu corria pela discografia do Pink Floyd, Kundera, e eu corria com raiva de toda aquela felicidade. Parei. Jorrava algo dos meus olhos, por um segundo até poderiam ser lágrimas, mas era apenas a chuva de Setembro.

(Alba & Marina)

ps.: este é mais um conto do meu outro blog com a Alba o Pé de Tamarindo 
ps.²:  e este conto é continuação do conto 7° C!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

7º C

Era a noite mais fria do ano, pelo menos foi isso que a moça do tempo falou na TV. Mas eu não sentia frio. Meu corpo estava quente! Graças a uma garrafa de conhaque que bebi toda em 7 copos.7 copos!
Há 7 dias eu tinha encontrado um velho livro da Woolf, e muito mais que da primeira vez ele me tocou, uma semana passou e ele ainda puxava meu corpo pro fundo do rio; beber foi agradável, mesmo que rasgasse a cada gole a bebida ia deixando tudo mais interessante, dava pra ver o dia passar devagarzinho, sentir o gosto dele quando esteve em minhas mãos, minha pele sentia mais, dormente sentia muito mais, e tudo era mastigável.
Olhei no espelho e vi uma mancha vermelha na blusa, mas tanto faz, poderia a blusa estar encharcada que eu iria sair mesmo assim, a casa era confortável, mas a rua era tentadora.
Atrás do sofá sempre encontro uns trocados, dessa vez, além de migalhas achei um batom. Passei. Nunca uso batom, talvez até pudesse estar borrado.
Passo 7 vezes o batom.Tranco 7 vezes aporta.São 7 passos no corredor até a rua. Não sei se era a embriaguez, mas a lua estava provocante que quase propositalmente me levou ao chão, era um exorcismo.



(Alba & Marina)
 
 
 
ps.: conto meu e da Alba, para o blog Pé de Tamarindo, que um dia, quando criarmos coragem e vergonha- na-cara, atualizaremos!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Dias atrás...

Porão do Rock Brasília - Mombojó

Pôr-do-sol em Parnaíba - PI


ps.: créditos para a foto da Mombojó do Henrique Possebom

Agridoce




Me casei com o teu sorriso

E ele agora me pertence.

Na tristeza e na alegria

Até que a morte nos separe.



Marina Borges


quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Pronto... um post, não posso mais ser expulsa!


FILME 500 DIAS COM ELA

"O filme a seguir é uma história de ficção. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência. Especialmente você Jenny Beckman. Vaca". (frase inicial do filme)

500 Dias com Ela, a princípio parece ser uma comédia romântica com tantas outras, mas não é, Summer a protagosnista do filme, é má muito má com Tom, ele por sua vez sofre muito com isso. O melhor do filme é que eles não ficam juntos no final.


"Então pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas de minha própria coluna vertebral."
depois vesti meus gestos insensatos
e colori as minha mão e as tuas."
(Carlos Pena Filho)

"Hoje tocarei a flauta
de minha própria coluna vertebral." (Maiakóviski)



" O leite derramado sobre a natureza morta
Me choca, me choca
Me choca, me choca." (Otto)



" Uma Pirueta

Duas Piruetas

Bravo, Bravo

Superpiruetas

Ultrapiruetas

Bravo, Bravo"
(Chico Buarque)

É um tudo que passa
e sem perceber marca
marca a pele bronzeada
do sol dos dias de praia
marca na memória
paisagens e passagens.
(Camila A. Borges)

  1. Antes que alguém me pergunte, não, eu não sou anti-romântica, mas queria ser, seria mais fácil.
  2. Ficou tudo meio bagunçado neste post, mas essa era a idéia.

Toda essa confusão foi feita por Camila A. Borges

sábado, 14 de agosto de 2010

Destinatário: rua das gaivotas 1001, casa 72.

É, pra começo de conversa, acho que vou indo bem,
Melhor do que se poderia imaginar.
Ando tendo mais tempo pra viver e respirar.
Voltei a escrever, voltei a ter inspiração para escrever.
Agora tenho tempo, pra como nos velhos tempos,
Sentar numa mesa de um bar qualquer
e ver meu tempo de vida diminuir num copo de cerveja.
Voltei a sentir o sol esquentar no meu rosto
Voltei a me perder no imenso azul do céu.
Ah, o clima por aqui está seco, seco demais.
Daquele jeito que a gente chega a ver água no asfalto.
O que eu queria mesmo era dias incessantes de chuva,
Pra ficar de meias, embaixo de um cobertor velho, tentando fugir do frio.
Sabe, tenho tomado mais conta de mim.
Olho para os dois lados antes de atravessar.
Leio bulas de remédios antes de tomá-los.
Durmo à noite e tento me manter acordada durante o dia.
Abri as cortinas da sala.
Parei de fumar e estou tentando diminuir o café, é bem mais difícil que parar de fumar.
Estou pintando as unhas de vermelho, dizem que fico bem de vermelho!
Estou ouvindo mais blues e menos conselhos.
Estou vendo menos Tarantino e mais Woody Allen.
Comecei a ler aquele livro do Bukowski que você tanto me recomendou.
Aliás, ele tem sido uma péssima influência!
Estou saindo mais.
Estou me permitindo confiar em outras pessoas que não eu e você.
Dia desses, andando pelo mercado,
lembrei de você quando passei na seção de cafés e senti aquele cheiro de café triturado.
Assim que saí do mercado, voltei a esquecê-lo.
Hoje farei um jantar pra dois.
Lavarei alguns pratos.
E prometo: Dormirei mais feliz, boa noite!

Vamos além


-Você conhece o amor?
-Não.
-Nem vai conhecer!

(Abril Despedaçado)




fonte: aqui!

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Reminiscência

Ainda me lembro bem de cada cheiro daquele dia. O cheiro do verde da grama crescendo. O cheiro dos ipês dançando ao vento. O cheiro do azul imenso do céu. E do cheiro do seu cabelo passando entre meus dedos, era cheiro de laranja. Me lembro que a grama estava no tamanho exato pra se deitar. Você me disse que num dia azul como aquele você me levaria pra nadar no céu. Sorri pra você, sabia que você devolveria o sorriso e eu veria seus olhos ficarem pequenos e com ruguinhas nos cantos. Lembro bem dos seus olhos naquele dia, eram olhos de quem tinha pressa de viver, olhos grandes e assustados. Lembro que pude me ver por eles, foi o dia que me vi mais bonita. Nesse dia falamos dos nossos planos. Você me falou da sua casa amarela com janelas azuis e de um pé de manga aos fundos. E de um cachorro que ficaria sempre feliz quando você chegasse da rua bêbado e sozinho. E você colocaria Chico na sua vitrola e depois se sentaria na sua poltrona reclinável e lembraria-se de um dia em que passou uma tarde no parque com uma bela moça. E eu te falei de como conheceria meu marido, e de como eu o amaria, falei também dos três filhos que teríamos e de como ele trocaria os nomes deles quando fosse dar bronca por que eles quebraram o quadro da sala, e depois os colocaria para dormir e me daria um beijo de boa noite, e que eu seria uma escritora alcoólatra e irresponsável que viveria de vender minhas lembranças. E então os planos acabam. Voltamos à realidade, já estava anoitecendo, o céu queimava em vermelho. O tempo tinha mudado. Tava com jeito de chuva. Nos olhamos demoradamente. Abaixei os olhos, daquele jeito que as crianças fazem, quando querem esconder algo. Acho que ouvi um pingo de chuva cair na grama. Se caia em mim, não sei. Só sentia a sua mão acariciando meu rosto. Sua respiração ofegante perto do meu pescoço. Sua boca vinha em direção a minha, sua barba arranhava minha pele. Agora chovia, eu sentia a água na minha pele quente. Estava entregue a ti.

(Marina Borges & Henrique Possebon)

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Isso aqui não é um diário...

Hoje quero falar sobre a minha semana:

Essa semana fiz mais trabalhos do que queria, por que como sempre, deixei pra ultima hora do ultimo dia. Essa semana dormi mal. Essa semana prometi levar mais à sério o meu curso, a faculdade, a minha vida. Essa semana me senti medíocre. Essa semana não bebi, não fui a nenhum bar, justamente pra não beber. Essa semana prometi a mim mesma que não iria mais beber.Essa semana recebi uma mensagem dele. Ele nem sabe, mas ainda gosto dele. Ainda me pego imaginando como seria se desse certo. Ainda me pego imaginando a casa de janelas azuis e o pé de manga aos fundos. Essa semana senti muito frio. Essa semana deixei o arroz queimar. Essa semana ele ainda insistiu em dizer que gosta de mim. Essa semana desejei que ele sumisse. Essa semana quis muito me apaixonar por alguém. Queria gostar mais de alguém do que gosto de mim mesma. Essa semana encontrei vários possiveis candidatos a pai dos meus filhos, daqueles que contariam sobre como era bom a época em que éramos jovens e iamos a shows de bandas alternativas, que diriam que na nossa época o mundo era mais seguro e as crianças mais inocentes, daqueles que colocaria as crianças pra dormir e me daria um beijo de boa noite. Essa semana me senti só. Essa semana conversei com pessoas muito mais inteligentes que eu. Essa semana ouvi uma musica da minha futura banda. Essa semana quis ligar pra ele. Essa semana senti ciúmes de alguém que eu não deveria sentir ciúmes. Essa semana tentei me convencer de que ainda não gosto dele e que sentir ciumes dele é portanto absurdo. Essa semana faltei o dentista. Essa semana senti dores nos pés. Essa semana perdi o ônibus e por isso fiquei uma hora a mais na parada. Essa semana dei o lugar a uma mulher com uma criança e me senti superior as outras pessoas-malvadas-que-não-dão-lugar do ônibus. Essa semana acertei um pergunta que o professor fez. Essa semana prestei atenção em uma aula inteira. Essa semana descobri que Radiohead faz muito mais sentido do que eu imaginava pra mim. Essa semana matei uma aula. Essa semana senti muito frio. Essa semana comi como deveria. Essa semana meu pai se comportou. Essa semana minha cachorra teve filhotes. Essa semana fiquei sem dinheiro. Essa semana quis falar eu te amo pra alguém. Essa semana chorei por dentro. Essa semana sorri mais que o normal. Essa semana senti saudades.Essa semana torci muito vendo futebol. Essa semana o Brasil jogou bem. Essa semana criei outro blog. Essa semana descobri The Whitest Boy Alive. Essa semana dancei na frente do espelho. Essa semana comi no RU. Essa semana fui ao show da Nação Zumbi e foi lindo. Essa semana senti muito frio.

sábado, 12 de junho de 2010

Fando e Lis




Brinquemos


- Se sou um grande pianista...

- Se és um grande pianista e te corto um braço. Que fazes?

- Me dedico a pintura.

- Se és um grande pintor e te corto outro braço. Que fazes?

- Me dedico a dança.

- Se és um grande dançarino e te corto as pernas. Que fazes?

- Me dedico ao canto.

- Se és um cantor e te corto a garganta. Que fazes?

- Se estou morto quero que com minha pele se fabrique um bonito tambor.

- E se eu queimo o tambor. Que fazes?

- Me transformo em uma nuvem que tome todas as formas.

- Se a nuvem se dissolve. Que fazes?

- Me converto em chuva e faço com que nasçam todas as guerras.

- Ganhaste... Sentirei-me muito só no dia em que não estejas.

- Se algum dia se sentir só, busca a maravilhosa cidade de Tar.




Tar

Houve uma vez, há muito tempo, uma cidade maravilhosa chamada Tar. Nessa época todas as nossas cidades estavam intactas. Não havia ruínas porque a guerra final ainda não tinha começado.

Quando aconteceu uma grande catástrofe: todas as cidades desapareceram. Menos Tar.

Tar ainda existe. Se souberes buscá-la, a encontrarás.

E quando chegares a Tar a gente te trará vinho e água e poderás brincar com uma caixa de música que tem manivela. Quando chegares a Tar ajudarás na colheita da uva e pegarás o escorpião que se oculta debaixo da pedra branca. Quando chegares a Tar conhecerás a eternidade e verás o pássaro que a cada cem anos bebe uma gota de água do oceano. Quando chegares a Tar compreenderás a vida e serás gato e fênix e cisne e elefante e criança e ancião e estarás só e acompanhado e amarás e serás amado e estarás aqui e lá e possuirás o selo dos selos.

E, na medida em que caias em direção ao futuro, sentirás que o êxtase te possui para não deixar-te mais.

Quando sua imagem se apagou do espelho, apareceu no vidro a palavra “liberdade”.


__________________________________________

P.s.: O texto em original é em espanhol, e foi retirado do filme Fando e Lis. Um filme mexicano do diretor Alejandro Jodorowsky.

P.s.²: Traduzido e indicado pela Amanda Apen. (valeu Amanda!)

P.s.³: Mais informações do filme clique aqui.

domingo, 6 de junho de 2010

Título



Ainda sujos, acendo o décimo cigarro.Você prefere o uísque que achou no fundo de um velho armário. Olhando para o teto, discutimos cinema, música, filosofia. Tento te convencer do anarquismo. Você me fala sobre almodovar. Acho que nem em dez anos te conheceria tão bem quanto te conheço agora. Nós dois, aqui, nesse quarto de hotel, parecendo dois marginais. Rindo do mundo. Rindo dos que pensam que são felizes. Rindo da fatalidade que é viver. Percorro teu corpo, afim de te encontrar. nos teus pulsos vejo as cicatrizes da tua história, marcas de quando ainda se podia ser inocente. Você se esconde em mim. Dentro de mim. Conto as horas em cada gota de suor que escorre do teu rosto. Nossos rostos. Nossas bocas. Nossos corpos. Nada nos pertence mais, fazemos parte de uma abstração do tempo, um sopro pincelado num quadro daqueles que você sempre gostou, e eu nunca dei tanto valor, me fecho em magritte. As horas continuam a passar em meio ao desejo. Desejo, posso senti-lo, posso até tocá-lo.Você sabe que eu gosto dessa jaqueta, você só a vestiu para me provocar, o seu hálito de uísque faz tanto efeito quanto o seu olhar, eu realmente poderia passar dias tentando desvendar o que existe por trás deles. Entre nós não existe MAIS e MENOS , ou pelo MENOS é isso que eu tento demonstrar enquanto rio das suas peripécias tão MAIS interessantes que as minhas. Sentada à beira da cama, percorro com os olhos o lençol de renda. Te fito. Sinto uma saudade do que ainda nem fizemos, do que ainda nem dissemos a me consumir, agora que você não é mais meu. Vou até a janela, garoa lá fora. Um frio me arrepia à espinha. Acendo o ultimo cigarro da carteira, tomo a ultima dose pra me manter aquecida. Tenho um longo caminho até chegar em casa. Até lá vou tentando esquecer a cota do dia de você.


(Alba Tereza & Marina Borges)

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Suspiro de conto!

Naquele dia, o caminho da sala até o quarto nunca pareceu tão longo. A escada nunca teve tantos degraus. O tempo nunca passou tão devagar. Havia ali, no ar, qualquer coisa. Qualquer coisa diferente no olhar dele. Qualquer coisa diferente naquelas mãos, frias. Qualquer coisa diferente no jeito como ele se sentou na beradinha da cama, como se ele estivesse numa casa estranha e por respeito não se espalhou por ela. O tom de voz que ele escolheu, eu diria que foi, no mínimo apropriado, algo que lembre aquelas cenas dos filmes de suspense, quando a gente sabe que a qualquer momento a gente vai levar um susto. Era aquela voz, a mesma voz que ele usou pra me dizer que sem querer quebrou o vaso que a minha mãe havia me dado, e que, por coincidência, ele sempre achou um horror. Sentei naquela cama e sentia meu coração batendo frenéticamente a uns 200 batimentos por minuto. Segurei sua mão e o encarei. Ele levantou a cabeça, mas não conseguia me olhar, olhou o tempo todo para o meu pé, mais especificamente pra pantufa de zebra que ele me deu no meu aniversário e que eu usava só pra agradá-lo, já que me sentia num safári quando estava com elas. Apertei com força sua mão e disse que não precisava ter medo e que podia me contar o que fosse. Quando ele disse as primeiras frases “Eu não te amo mais.”, ”Eu estou saindo de casa”, “Eu amo outra pessoa”. Senti como se um cavalo tivesse dado um coice no meu estômago e depois sapateado em cima mim. Perguntei como era possível, assim do nada, ele deixar de me amar? Não haviam aparecido ainda os tais ‘sintomas do fim da relação’ que minhas amigas sempre me falaram: nada de rotina, nem tédio, ele nunca nem falou mal da minha mãe, não reclamou que eu tava ficando gorda ou feia ou velha, nunca falou que minha comida era uma gororoba, apesar de ser uma gororoba. Como de uma hora pra outra ele simplesmente vira pra mim e diz que não me ama mais? Ele não se defendeu nem se explicou, apenas levantou-se, tirou a mala já pronta debaixo da cama. Sim meus caros, a mala já estava ali pronta, filho da puta, então foi tudo premeditado, tudo friamente calculado. Ele saiu, não olhou pra trás nem pra conferir se eu tava tendo um ataque cardíaco, ou se eu tava pegando uma arma na gaveta da cômoda. Nada. Virou as cotas e saiu. Fiquei ali sentada por horas. Chorei até ficar sem lágrimas. Me perguntando o por que. Estávamos juntos havia muito tempo, um tempo suficiente para sabermos que era pra sempre, não pensavamos em casamento, dizíamos que seriamos eternos namorados. Eu sabia de cor, cada mania, cada gesto, cada ruga do seu belo rosto, sabia de todas as cicatrizes, dos seus gostos mais exóticos. Tudo. Éramos felizes. EU era feliz. ELE não.


Marina Borges

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Máquina de Escrever - Pedro Luís e a Parede





Meu coração é uma máquina de escrever
As paixões passam
As canções ficam
Os poemas respiram nas prisões
Pra ler um verso, ouvir, escutar
Meu coração falar
Até se calar a pulsação
Meu coração é uma máquina de escrever
No papel da solidão
Meu coração é
Da era de Guttemberg
Meu coração se ergue
Meu coração é
Uma impressão
Meu coração
Já era
Quando ainda não era
A palavra emoção
Mas há palavras no meu coração
Letras e sons
Brinquedos e diversões
Que passem as paixões
Que fiquem as canções
Nos poemas, nos batimentos
Das teclas da máquina de escrever
Meu coração é uma máquina de escrever
Ilusões
Meu coração é uma máquina de escrever
É só você bater
Pra entrar na minha história

domingo, 16 de maio de 2010

Aonde anda a minha Tereza...




Por enquanto ainda te amo
sentanda nessa mesa, só, ainda te amo
ontem eu olhei para o céu
e não vi estrelas
mas ao contrário do que você me disse
o céu não desabou
os raios estavam lá
as nuvens estavam lá
mas mesmo assim, teimoso, o céu não desabou
você me disse pra não ter medo
e com o orgulho no chão, te pedi pra ficar
e com a alma na mão, pedi ao céu que não desabe mais.


(Marina Borges)


P.s.: Essa semana comprei um vinil lindo do Jorge Ben Jor e por um precinho ótimo!
P.s².: Música do Jorge Ben pra hoje, Alcohol.
P.s³.: Agora ando aspirando e suspirando algumas coisas nesse lugar, clique aqui!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

4am


Você se foi,
Eu fiquei,
Eu fiquei?
Não sei...
Não sei onde estou,
Não sei onde você está,
Não sei onde estamos
Nós estamos?
Não tem mais a gente.
Agora somos dois.
Somos dois?
Eu sou meio.
P.s.: Agora o Henrique tem seu próprio Blog, é só entrar e ficar à vontade!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Sou de Brasília, mas juro que sou inocente!






Me desculpe

O primeiro encontro

A fala mansa quase muda

A falta de jeito

O suor das mãos trêmulas

O desvio do olhar

O coração disparado

O riso bobo

O beijo

Os encontros contínuos

A troca de alianças

O sim diante do altar

A convivência

A intimidade

As semelhanças

As diferenças

A rotina

A impaciência

A frase áspera

A provocação

A falta de cordialidade

O mal humor

A distração

A infantilidade

A insistência

A estupidez

Minha ausência

Minha carência

Minha demência

Minha desconfiança

O grito seco

O desrespeito

A covardia

O arrependimento

A mala feita

As lágrimas secas

O desespero

A separação

A reparação

A partida

O Adeus

(Camila A. Borges)

PS.: Tenho o privilégio de ver esse pôr-do-sol quase todos os dias.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Fúria e Coração



Será que ninguém vê
Éramos bem mais que isso?
Bem mais do que sobrou aqui?
Éramos mais que o grito, o corpo, a indignação
Tínhamos fúria, pecados, vontades
Íamos mudar o mundo, ditar nossas regras
Mas e agora, o que fizeram de nós?
Jogam-nos as sobras, o pouco, o satisfatório
Fazem-nos engolir a seco, a fome, a mentira, a falta
Deixam-nos fracos, sem coro, sozinhos
Abafam nossos gritos, nos compram
Querem-nos domesticados, calados
E nós aceitamos: nos calamos, nos corrompemos, omitimos, ficamos cegos
Mas eu ainda espero pelo cavaleiro utópico que um dia andou por aqui
Espero pra o ver anunciar, que virá um tempo em que seremos fúria e coração de novo.


(Marina Borges)





P.s.:Foto do Grande Chico Science, um dos maiores cantores e compositores do mundo. Um cara que cantou o Brasil de forma única.
P.s.2: "Você que está aí sentado, levante-se. Há um líder dentro de você, governe-o, faça-o falar."

domingo, 28 de março de 2010

Dia-de-Romance!


Numa rua qualquer,
num muro qualquer,
eu-você, nada mais...
nossos corpos, um só.
Seu beijo quente me atiça.
Tudo é voce!

Depois, você vai embora
tudo para.
Todo dia é segunda.
Eu, todos os dias sou segunda.

Aí chega o sábado...
Tudo cria vida!
Tudo é balada!
É carnaval em recife!
Mais um dia com você.

P.s.: Foto do carnaval de Recife, o melhor carnaval do mundo.

da serie: só faz sentido pra mim




Eu vi eles cortarem feito retalho um coração
Imponente
Vivo
Vermelho
Meus pés sangraram à beira da estrada
E meu caminho se pintou de cor
Toma pra si as dores
Sente o que sinto?
O que tu sentes?
Sentimos?
Ainda se pode colorir de esperança
Ser só e estar só, não é o mesmo
Levanta
Imponha
Anuncia que a revolução vai chegar
Estendam os braços,
Olhem para o céu,
Abram os olhos, não há o que temer
Colocarei enchimento de amor
E remendarei vossos corações
Aqui não impera a solidão.

(Marina Borges)

P.s.:  Quentin Tarantino, Pulp Fiction

sábado, 13 de março de 2010

A semana...

Último show da banda Cordel Do Fogo Encantado em Brasília.


Praia Azeda- Búzios

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Ainda há fogo em mim!




Eu tô cansando dessa merda
Eddie

Nêgo!
Eu tou cansado desta merda
Da violência que desmede tudo
Da minha liberdade clandestina
De ta no meio dessa briga

Chega!
Da gente tá se apertando
Da ignorância insandecida
Se esquivando de estatísticas

A minha paz, faz tempo, ta querendo trégua
A minha paciência se atracou como ela

Eita!
Que o sangue pinga nas notícias
Vendidas como coisa bela
A merda já tá no pescoço
E a gente acostumou com ela

Nunca se sabe o que vai acontecer
Nunca se sabe, pode acontecer

Nêgo!
A máquina acordou com fome
Vem detonando tudo em sua frente
Comendo ferro, cane e pano
Bebendo sangue e gasolina

Eita!
Sentenciado ao absurdo
De merda em merda emergindo
Um dia afoga todo mundo
E assim acaba a caganeira!





Dançar ao som do carnaval melancólico da Banda Eddie é um santo remédio. Cura tristeza sólida, febres de amor, faz até esquecer unha encravada. Quem ainda não provou deve provar, mas provar com gosto. O último álbum deles é um verdadeiro carnaval no inferno, um puta cd com um repertório, que te leva do protesto, aos cacos de amor e a felicidade do samba em apenas 40 minutos de músicas.

Pra quem quiser ouvir mais tem o Myspace e o site da Trama

Quantos sambas aguentar dançar ♪




O meu amor tem gosto de nuvem
Tem forma de luz
Tem jeito de birra
Paixão por ilusão
Sentimento de dor, euforia e satisfação
E um querer mostrar o que tem de melhor
Tem um precisar que não acaba
Um olhar forte e imponente
Um peito aberto e coração grande
Um querer ser livre preso a alguém
É um te quero comigo agora
Um amor inconcebível e até platônico
Mas um amor que vai adiante
E um amor que sabe seus limites
Mas não sabe medir sua carência
Um amor a cada esquina, por um gesto, por nada,
um só querer, por só acontecer.


Marina A.

P.s.: Depois de um bom tempo sem escrever nada de novo, tive motivos e motivações.

P.s².: Estou orgulhosa da minha querida Brasília. Arruda está preso e as coisas finalmente estão funcionando.

P.s³.: Agora o movimetno é: "Fica Arruda... na prisão!"


domingo, 24 de janeiro de 2010

Já é hora de pôr recordações para fora...



Só eu sei o que te envaidece

O que te faz ser mais menino e menos homem

Sei de como gosta do seu café, e do jeito como colocar seu travesseiro

Sei te dar filhos e te fazer marido

Sei te fazer sorrir, te fazer chorar também

E sei fazer você me amar e me odiar

E só eu sei como mexer na sua vida

Como segurar tua mão e te acalmar

Te tirar as angustias do peito, e a febre, e o porre

E te fazer mais bonito, e mais alto,  forte e fraco

Te curar do soluço, te fazer cantar, te fazer romântico

E sei também te fazer assim, do meu jeito.


Ps.: Quentin Tarantino, me rendo fácil!

Ps.: Cães de Aluguel!

sábado, 9 de janeiro de 2010

1, 2, 3 e Já!



Já ouviu falar em Punk Cigano?!







Gogol Bordello- 60 Revolutions

60 revolutions per minute60 revoluções por minuto
this is my regular speed essa é minha velocidade normal
So how do you want me to live with it? Então como você quer que eu viva com isso?
How do you want me to live with it? Como você quer que eu viva com isso?
Without ringing all alarms! Sem disparar todos os alarmes!
Without overthrowing czars! Sem derrubar todos os czars!
Without emptying the bars! Sem esvaziar os bares!
Without screwing with your charts! Sem estragar suas tabelas!


60 revelations per minute60 revelações por minuto
this is my regular need essa é minha necessidade normal
So how do you want me to live with it? Então como você quer que eu viva com isso?
How do you want me to live with it? Como você quer que eu viva com isso?
Without ringing all alarms! Sem disparar todos os alarmes!
Without overthrowing czars! Sem derrubar todos os czars!
Without emptying the bars! Sem esvaziar os bares!
Without screwing with your charts! Sem estragar suas tabelas!


I'm gathering new generationEstou juntando uma nova geração
That's gonna stand up to it Que vai encarar isso
To this karaoke, karaoke dictatorship A essa ditadura karaokê, karaokê
Where posers and models with guitars Onde posers e modelos com guitarras
Boogie to the shit for beats Dançam com uma merda por batidas
I make a better rock revolution Eu faço uma melhor revolução do rock
Alone with my dick! Sozinho com meu pau!


We are ringing, ringing, ringing all alarms!Nós estamos disparando, disparando todos os alarmes!
We are overthrowing czars! Nós estamos derrubando czars!
We are emptying the bars! Nós estamos esvaziando os bares!
We are screwing with your charts! Nós estamos estragando suas tabelas!


......


Without ringing all alarms!Sem disparar todos os alarmes!
Without overthrowing czars! Sem derrubar czars!
Without emptying the bars! Sem esvaziar os bares!
Without screwing with your charts! Sem estragar suas tabelas!


60 por minuto es mi reputacion60 por minuto é a minha reputação
y no te estoy hablando de revolucion E não estou te falando de revolução
hace mucho teimpo q ya no te decian Faz muito tempo que já não te diziam
basta de injusticia, muerte y policia. basta de injustiça, morte e polícia


Digas lo que digas ya esta todo arregiadoDigam o que digam, já está tudo consertado
hagas lo que hagas te mandan deportado façam o que façam, te mandam deportado
el que tiene impone y sobre la ley dispone o que tem impõe e sobre a lei dispõe
mientras que el pobre es pobre, enquanto o pobre é pobre
muere de hambre y otro se la come morre de fome e outro come


...

"Só pra fugir
do clichê:
liz novo
ano fe!"

Veríssimo.