quinta-feira, 18 de junho de 2009

Quem vem com tudo não cansa!

O cheiro do ralo


A faca entrou e rasgou tudo que havia de vivo e vermelho em mim.
Me vi por dentro: desnuda, aberta, sem capa.
Era eu, eu e eu.
Cada palavra era uma faca, e mais uma e mais uma.
E o que foi que fizeram de nós?
Mesmo me vendo por dentro não consigo encontrar a parte de mim que cabe a ti.
E o que foi que fizeram de nós?
O que transborda do meu corpo não é mais o que eles chamavam de sentimento.
Inominável, foi assim que tudo ficou. É assim que tudo está.
Quero te exorcizar hoje.
E quando me perguntarem o que estou fazendo de mim,
Direi que estou arrancando uma a uma as facas que cravaram em mim.
Estancando e coagulando o vermelho, viva-cor, que me mancha.






(Marina A.)

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Certos dias

Hoje a chuva lavou calçadas e quebrou telhados
Trouxe de volta aquela sensação nostálgica
De quando banhávamos na chuva
Lavando a alma com água ácida
Da primeira tempestade do mês
E o cheiro de terra que sempre vem
Me cobre de lembranças e saudades
A luz que teimava em acabar
na casinha pequena,
acabava em histórias de terror
que até hoje me fazem medo
O chocolate quente está na caneca
E ao fim da vela acesa,
Brincadeiras e sombras na parede
A chuva pára lentamente
E o sono logo vem
A noite acaba
E enfim o dia nos acorda

E o que fica é a vontade de mais um dia de chuva.

(Camila A.Borges)