sábado, 21 de fevereiro de 2009

A Luz


A luz fluorescente do poste

Colore toda rua de laranja:

asfalto laranja,

portões laranja,

calçada laranja,

pessoas laranja.

Os carros passam e nem reparam

Mas também ficam alaranjados

E nessa noite laranja-fluorescente

Pessoas se apressam para não perder o culto

cachorros reviram lixos

mulheres fofocam na esquina

meninos brincam de pique

rapazes cantam canções antigas

Da pequena janela observo tudo à distância

esse estranho universo

Que mesmo tão igual a tantos outros

Encanta-me como se fosse único.

Eita mundinho cor de laranja!

(Camila A. Borges)

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

isso não é um poema



Eu pensei que fosse fácil desistir do que se quer.
E andando aflita penso no que tenho ganhado
Em perder o que eu quero.
Me dizem que não há grandeza em se desistir
Mas até para se desistir é preciso se sentir grande
Tão grande, que não cabe em si.
E agora, quem vai me dizer que perder um amor é ruim?!
Se a saudade que fica é bem melhor.
E quem vai dizer que perder um jogo é sinônimo de fracasso?!
Se ser o segundo já é ganhar do terceiro.
E agora não venha me dizer que é fácil desistir do que eu quero!
Por que agora eu sei que nessa estrada eu posso ir na contramão.

(Marina A.)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Num quarto de fogo solitário...



O que eu quero...
Não tem cor.
Não tem jeito.
Não tem perfume.
Não tem cara.
Não tem nome, sobrenome, ou apelido.
Não fala, não canta, nem dança.
Não é rico ou pobre.
Não é preto, branco ou amarelo.
Não aceita, não acredita, não adianta.
Não fica, não vai, não chega, não cai.
Não é bonito, enfeitado, engraçado, encolhido.
Não ensina, não aprende, não entende, não suspende.
Não anda, corre ou pula.
Não é criança, jovem, adulto, não é de graça.
Não é esperança, não é ódio.
Não faz bem, mas também não faz mal.
Não sorri e não quer chorar.
Não se ama, não ama, não ama
Não amo, não quero amar.
O que eu quero... NÃO EXISTE!
(Camila A. Borges)

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Está consumado, está consumido.

Um dia, um lugar e uma história.


-Que tal falarmos sobre a sua depressão?!
Quando você falou que era uma pessoa feliz?!
Brigou com o Guilherme?!
Discutiu com seus pais?!
Passou horas em algum engarrafamento?!
Engordou alguns quilinhos e aquela roupa não te serve mais?!
A comida queimou, a blusa manchou, a internet caiu, seu time perdeu?!
A conta chegou, a TV pifou, o despertador não tocou e o ônibus não passou?!

-Não! Nada disso!
Tenho casa, carro, cachorro, marido, cortinas amarelas e uma poltrona!
Sou feliz! Não tenho depressão! Juro!

-Então o que é que te faz chorar?!
Assim sem parar?!

-Então...
E agora?


-Que tal falarmos sobre a sua depressão?!
Quando você falou que era uma pessoa feliz?!


(Marina A.)

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Idéias





Em minha cabeça, mil idéias.
Idéias Loucas
Idéias confusas
Idéias
Um emaranhado de coisas, de muitas coisas.
É estranho tentar organizar toda essa bagunça
passar para o papel algo que faça algum sentido.
Volta e meia tenho a impressão que nada disso tem valor
talvez nem tenha mesmo .
Não sei se tento entender
não sei se deixo pra lá.
Enfim, vou esquecer o que for “relevante”
E escrever o que for “menos importante”.
Afinal que mal há nisso?!

(Camila A. Borges)

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Mãe, não se preocupa.


"Abre essa janela, a primavera quer entrar."Los Hermanos - Casa pré-fabricada



Põe a sua melhor roupa pra ficar em casa.
Liga alto o seu som e vai ver TV.
Não dança conforme a música.
Ri por qualquer besteira.
Fala mais alto
Mexe com os caras que passam na rua.
Liga pra alguém só pra depois desligar.
Não segue tendências e ignora a moda.
Quando dizem: faça, ela não faz.
E faz quando dizem pra não fazer.
Gosta do que é difícil só pra complicar.
Mas opta pelo simples só pra contrariar.
Dorme de dia para a noite acordar.
Tem vários namorados pra não se cansar.
Canta só pra desafinar.
Erra por errar.
Se preferirem o claro ela gosta é do escuro.
Se a direita é melhor segue pra esquerda.
Seus atalhos sempre a levam pra lugar nenhum.
E o fim deles é o seu começo.

(Marina A.)